PERGUNTAS RESPONDIDAS POR MARCEL BENEDETI.
Uma das cenas mais cruéis que observamos contra os animais são aquelas em que matam os touros aos poucos e sob os aplausos da multidão. Isso demonstra que os países envolvidos nessas práticas são menos evoluídos?
R: Nós somos seres em estágio evolutivo atrasado e ainda nos divertimos com espetáculos de
sangue. É a herança do animal predador de antigamente que ainda vive em nós. Estamos em graus diferentes de entendimento e por isso há os que ainda se comprazem em assistir a estes espetáculos abomináveis e há os que não suportam ver algum animal sofrendo. No entanto é temerário dizer que esse ou aquele país é mais atrasado ou mais adiantado espiritualmente. Não podemos dizer que uma nação toda é mais adiantada ou mais atrasada em função da análise de um único aspecto de sua cultura. Cada país é constituído por pessoas ou indivíduos e cada individualidade é acompanhada de sua personalidade. Creio que não são todas as pessoas que se divertem vendo o sofrimento de animais na arena, mas os que veem nisso uma forma de divertimento não são diferentes daquelas que viveram há séculos ou milênios na Roma antiga e se divertiam ao assistir gladiadores morrendo em lutas sangrentas. Isso demonstra uma defasagem evolutiva que necessita de maior elaboração individual.
R: Creio que haja algum mal-entendido sobre este assunto, pois não é este o intuito da informação: este mecanismo de desligamento automático também pode acontecer conosco, os humanos. Há poucos dias assisti a um documentário que falava sobre sobreviventes de acidentes graves. Eles, os sobreviventes, contaram que passaram por situações semelhantes, isto é, ao se verem diante da possibilidade de morte iminente, desligaram-se do corpo físico, assim que aceitaram a impossibilidade de sobreviver, e viram-no a distância, como se já não fizessem mais parte da realidade do mundo físico, sofrendo menos quando chegasse o momento derradeiro. Parece-me que este mecanismo é comum aos animais de modo geral. Não podemos esquecer que somos animais também. Se alguém usar este argumento para maltratar animais, significa que o faria do mesmo modo se não soubesse deste mecanismo de defesa do corpo e do Espírito.
É importante que este mecanismo somente é ativado em situações em que há a possibilidade de morte rápida. Quando o sofrimento é constante e lento, este mecanismo não é ativado e a dor é
perceptível e persistente até o momento da morte. Neste caso o animal morrerá sofrendo.
Ouvi dizer que os animais não sofrem e que são retirados de seus corpos antes de sofrerem. Isso é verdade?

R: Os animais, assim como nós, possuem sistema nervoso que serve para fornecer informações sobre o meio ambiente em que está. O sistema nervoso é para nós e para os animais, entre outras finalidades, um instrumento de sobrevivência. A dor, que é uma interpretação deste sistema corporal, serve para indicar a presença de perigo ou risco à sua sobrevivência. Quando sentimos, por exemplo, uma dor aguda na pele, isso indica que há, talvez, algo encravado nela. Este aviso de dor serve para tratarmos de retirar o que estiver incomodando e causando algo que o corpo entende como desequilíbrio. Ao pegarmos um objeto quente demais, o largamos, antes mesmo que nosso cérebro, que percebe ações conscientes, possa saber a temperatura perigosa. É uma ação instintiva de defesa do corpo contra injúrias causadas pelo ambiente. Por serem mais primitivos do que nós, os animais apresentam maior sensibilidade, ou mais instintos, quanto à presença do perigo. Portanto sentem dor. No entanto quando o corpo é acometido por algo que o atinja de modo rápido, fulminante e que permita que ultrapasse o limiar da dor perceptível ao cérebro, o mecanismo de separação entre o corpo espiritual e o físico é ativado automaticamente e o corpo sutil acaba sendo lançado, como se fosse por uma catapulta à distância do corpo físico para amenizar o sofrimento e evitar dores desnecessárias.
Assim como ocorre conosco, os animais possuem outros mecanismos que visam amenizar as dores físicas. Quando nós assustamos, uma grande quantidade de adrenalina, que é um hormônio ligado aos atos instintivos, é lançada na corrente sanguínea provocando uma diminuição do calibre dos vasos periféricos (da pele), fazendo diminuir o sangramento e a dor na área afetada. Por isso as pessoas dizem que no momento do acidente não sentiram nada e somente perceberam a extensão das lesão depois que "o corpo esfriou", ou seja, depois que a adrenalina saiu da circulação.
. Quando vejo um animal na rua abandonado penso: "Que São Francisco de Assis tenha piedade de você". Será que isso ajuda?
R: Deus e Espíritos elevados como na figura de São Francissco têm piedade de todos os seres independentemente de nós pedirmos para que façam isso. Desejar que os Espíritos prestem auxílio aos animais necessitados ajuda, mas o maior auxílio, já que o sofrimento é físico, vem de nós que poderíamos prestar um socorro a estes que nos surgem à frente. Se encontrarmos animais e pessoas sofrendo pelo caminho, não é por acaso, pois o acaso não existe, é porque há uma necessidade de que ajamos em favor deles. Não podemos pedir que os Espíritos façam a nossa parte, porque cabe a eles cuidar da questão espiritual e a nossa parte é prover-lhes as necessidades físicas, alimentando ou medicando da melhor maneira possível. Se não há condições para isso, ao menos lhes dê o seu carinho.
Alguém pode dizer que não poderia sozinho melhorar o mundo e que sua ajuda insignificante em nada ajudará. É um engano pensar assim. Lembre-se daquela história de um senhor que andava pela praia atirando de volta ao mar algumas estrelas do mar, pois o sol já nascia e aquecia a areia. Uma pessoa que passava e o viu, disse:
"Não percebe que são milhares delas pela praia? Não fará diferença devolver somente algumas ao mar". O senhor respondeu sem parar de atirar os animais de volta ao mar: "Para este faz diferença, e para este também, e para este outro também, e para este outro também ... ". Em seguida estavam os dois atirando os pequenos seres de volta ao mar.
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